Sítios abertos no espaço da mente
trazem visões de lugares visitados.
Permaneço completamente parado
bem ali na soleira da porta:
são flashes rápidos, recordações...
Sinto de repente uma vertigem.
Meio desorientado, observo:
desconheço a origem, ou a rota,
círculos mágicos me protegem,
luzes que faíscam, imperceptiveis...
Mergulho em mim, nos caminhos
interiores, em circunrevoluções,
redemoinhos de forças desconhecidas,
rajadas de cores, energias estranhas
emergem, e, juntas, se entrelaçam
em circunrevoluções, redemoinhos..
Uma brisa ligeira passou por aqui.
Algo então, lá de dentro de mim,
assume o comando e me acalmo.
Observo manso toda aquela cena
tranquilo, sem buscar respostas.
Também não tenho perguntas...
Entrego-me à magia do acaso
percebo que ali, à minha frente,
existe uma brecha, uma passagem
quem sabe uma outra sala-de-espera,
funcionando, convivendo com aquela...
Examino, pois conheço bem:
Uma tv sempre no mesmo canal,
na janela, o céu e as estrelas,
os mesmos quadros na parede:
jardins, vertentes cristalinas,
neblina, fumaça, aurora boreal,
borboletas, figuras femininas
cheias de graça, lindas e seminuas.
Brusca mudança do ambiente,
um arrepio percorre as vertebras
e a porta se abre totalmente!
Vou até a rua: voltar? Fugir?
Embora eu precise decidir,
não ouso: não quero arriscar!...
Não avanço um passo sequer.
Pelo contrário, recuo, até.
Sumiu minha certeza absoluta.
posso porém conjecturar...
...Existe ali uma outra dimensão?
Dou, então, um passo atrás,
observo de novo o salão.
Afinal, os mesmos quadros:
jardins, vertentes cristalinas,
borboletas, figuras femininas
a sorrir, lindas e seminuas.
Uma TV ligada. Tudo normal.
Uma tangencial espaço-tempo
passou desabercebida de todos
mas captei uma senha perdida,
no meu painel de possibilidades...
Um trem que um dia eu perdi,
e que agora consigo pegar...
um sorriso fugaz que não dei,
que estampo de vez no rosto.
Um sonho que queria ficar
na esteira do tempo perdido,
gosto dele e ainda o tenho urdido
e em plena materialização...
Uma mulher que se foi e não amei...
mas que recuperei a trama, a pega
e revitalizei, a tempo, a paixão...
Com alegria e esperança, a Vida segue!
Se fosse reggae eu diria simplesmente:
"Uma onda que passou e eu não dropei"

(Crédito da imagem: cruiserart.com)
Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex) - Escrito em 24-10-2010, em Varginha, às 22:40 h
EM TEMPO:Deixo aqui aos leitores, amigos poetas, convidados, visitantes, seguidores, colaboradores... todos, enfim que me incentivaram e permitiram a permanência desse blog no ar -já por quase 12 meses-, um Grande Abraço!
Que o Balanço Anual tenha deixado um saldo positivo para todos e de resto, ainda, um montão de Esperanças! Que sejamos protagonistas de Grandes Aventuras no próximo Ano!
Um 2011 de Cinema para todos!