Música, Literatura, Terra do ET, BRICS, Atividades da APESUL e Reflexões...

terça-feira, 15 de março de 2011

Primeiro Livro: Ilynx - Capítulo 1

Este projeto é antigo: Escrever 'outro' livro. Havia escrito um por volta de 2002. Chamava-se 'A quem perguntar'. Esqueci o manuscrito dele numa cabine telefônica em Varginha. Nunca mais o encontrei ou me encontraram para devolve-lo. Tudo bem! Então vamos lá, vamos ao Ilynx...




Ilynx




Capítulo 1 - Paisagem além da tarde

Acostumando-me com as aparições...


 -você não tem sido nada gentil...
            A tarde corria na paisagem inconsistente, próxima dos cincoenta. Eu permanecera de olhos fechados por um longo tempo ouvindo  “Who wants to live forever”. Sempre percebera algo de mágico nessa música do 'Queen'. A melodia sempre me fazia viajar, percorrer instâncias nunca visitadas da memória, como se fosse uma vereda em direção a um novo lugar. Uma página em branco a ser rabiscada. A interpretação de Fred Mercury, especialmente naquela tarde, parecia diferente. Deixava algo doce e profético no ar. 
          De certa forma combinava com o que ocorria fora. Uma pancadinha de verão trouxera para dentro da despensa aquele cheiro acre da terra  (na despensa ficava o computador, onde eu escrevia algumas bobagens ao som do drive de CD-ROM). As lembranças retornaram. Há dias vinha acontecendo. 


-Você, de novo! Dá um tempo! Lá vem você perturbar meu sossego. Estou cansado das suas chorumelas. Elas vêm sempre em hora errada!


-Você não tem sido nada gentil, mesmo! - reafirmou.


-Corta essa!...- eu não percebia o meu próprio tom de voz, quase gritado, denunciando um certo nervosismo. - ...e o que você sabe de gentileza? Um pirralho desses, querendo perturbar um raro momento de prazer! Ora, vai procurar a sua turma...- completei. Percebi que suava frio.


             Junto com as lembranças, a visão. O nervosismo que eu sentia era devido à confusão que aquela criatura causava em minha mente sempre que aparecia. Uma criança a dar-me lições, a fazer cobranças. "Pode isso?”. Mas eu sabia que de certa forma eu lhe devia atenção. Acho que sentia mesmo um pouco de respeito. (Ou seria medo?) O certo é que o porte austero daquele garotinho me incomodava e eu me sentia impelido a atender aos seus apelos. Já fazia alguns dias que ele aparecia em meus devaneios, geralmente, à tarde. Daquela vez estava disposto a encarar a situação!


-Muito bem! Diga lá o que é que você tem a me dizer. Seja breve!.. - eu não sabia se seriam aquelas as palavras certas. Ele permaneceu impassível em minha tela mental. Confesso que eu sentia uma certa simpatia por aquela criança. Meus olhos permaneciam fechados e eu não queria abri-los de repente e perder a oportunidade de levar adiante aquele diálogo. Comecei e tinha de ir até o fim! Lembro-me que certa vez ao fazer um diário de sonhos tinha a sensação desagradável de perder a noção dos episódios oníricos tão logo eu abria os olhos. “... só vou abrir os olhos depois de resolver essa questão. E mais... só mesmo depois de ter a certeza de que vou me lembrar de tudo depois.”
             Lá estava ela. Uma criança que me parecia estranhamente familiar. Magricela, braços compridos, pernas ligeiramente tortas, pés meio encurvados para dentro. Vestia uma roupa encardida: calça curta com suspensórios e uma camisa xadrez surrada. Tudo meio grande, como se fossem roupas doadas por alguém da vizinhança. Aspecto de criança humilde:


-Você não tem sido nada gentil! Venho tentando lhe falar há anos e só há alguns dias eu consegui um pouquinho da sua atenção.


-Corta essa! Repito! Faz anos, treze anos exatamente, que eu moro nesse mesmo lugar.  E, todas as tardes, fico eu aqui em frente desse computador. Desembucha, diz aí logo o que tem a dizer, que eu tenho mais o que fazer!..- eu não sabia por que estava a usar aquela maneira acintosa de falar.


-Pois faz muito mais tempo que isso!... Tentava falar com você por anos. E não conseguia. Isso só veio a acontecer na semana passada. Desde então consegui manter contato três vezes. E por milagre, hoje você está até falando comigo! Vou lhe dizer uma coisa: no passado você leu pra mim muitos livros. Encheu-me de esperanças, prometeu viagens, passeios agradáveis, amigos, riquezas, felicidade...- parou a enumeração dos itens por um segundo, para enxugar uma pequena lágrima que descia pela face esquerda. Usou a barra da camisa. Continuou: - ... eu acreditava que você iria cumprir todas as promessas...


-Ei, ‘péra aí! Quando foi que eu andei prometendo isso pra alguém? - embora sentisse sinceridade nas palavras da criança, aquilo já estava passando da conta! Continuei de olhos fechados, mas observando mais atentamente o garotinho. Os cabelos eram escorridos, curtos e formando um topete que chegava próximo dos olhinhos miúdos. Os cabelos, de um castanho mais claro que o dos olhos. Tinha o rosto miúdo e comprido e o queixo ligeiramente afinado, pequeno. “... eu já vi esse pirralho em algum lugar! De onde, meu Deus!?... Humm... acho que é do álbum de fotografia lá do guarda-roupas. Espera aí...” 


Encarei o garoto e desabafei:


-... conta essa história direito!                                              


                              (Continua no próximo post)




(Ilynx - Autor Expedito Gonçalves Dias(Profex) - Cap. 1)
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Promoção do blog do Profex    ...Alô amigos do Blog do Profex, eu, Rafael Braga,  havia dito que sortearia 3 comentaristas do blog, mas gostei tanto da promoção que resolvi sortear 8(oito) pessoas!
Obrigado pela participação, esperem que curtam o meu cd!

Eis os ganhadores:

-Sonia Schmorantz
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e  Taís Luso.
Enviem um e-mail para o profex: professorexpedito.radialista@hotmail.com, informando o endereço para que eu envie, via Sedex, 2 cds para cada um dos contemplados. Bjs a todos. 
Rafael Braga


EM TEMPO:
 Agradeço pelos selos recebidos dos seguintes blogs:
-  RosaSolidão - A Sonhadora comemora e agradece pelos seus 500 Seguidores. Obrigado por ter se lembrado deste amigo.
-  Blogstar - Obrigado, também, Cidinha. Bem que eu disse que este negócio de blogar vicia... Parabéns pelo seu blog!

terça-feira, 8 de março de 2011

A Vez Das Mulheres - 2 Poemas: Receita de Mulher e Sumiço

Dia Internacional da Mulher
A homenagem do Blog do Profex.
... a todas as mulheres o nosso carinho!

Receita de mulher
As muito feias que me perdoem mas beleza é fundamental.
É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso.
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture em tudo isso
(ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa). 
Não há meio-termo possível.


É preciso que tudo isso seja belo.
É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens.
É preciso, é absolutamente preciso que seja tudo belo e inesperado.
É preciso que umas pálpebras cerradas lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne: que se os toque como o âmbar de uma tarde.


Ah, deixai-me dizer-vos que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e seja leve como um resto de nuvem:
mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo.
Olhos, então nem se fala, que olhem com certa maldade inocente.
Uma boca fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos despontem,
sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes.
Indispensável que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida a mulher se alteia em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas.
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem no entanto sensível à carícia em sentido contrário.  É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo,
e a mulher não lembre flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos. Discretos.
A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão que é preciso ultrapassar.
Que a mulher seja em princípio alta;
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.


Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos, ao abri-los ela não mais estará presente com seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha; parta, não vá...
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer
beber o fel da dúvida.


Oh, sobretudo que ela não perca nunca, não importa em que mundo, não
importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro;
e que acariciada no fundo de si mesma transforme-se em fera sem perder sua graça de ave;
e que exale sempre o impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel;
e cante sempre o inaudível canto da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero;
e em sua incalculável imperfeição constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Vinícius de Moraes
in Novos Poemas (II)
(Dedico à Malu, neste dia especial!)


Sumiço
Madrugada sem estrela
vou em busca da lua,
de uma indicação...


Procuro então por ela.
Essa dor me amua,
sou pura assombração!


Nem ela nem a lua,
não sei quem tem mais fases.
Fico nesse dilema.


De ti minha alma jejua.
em cada rima ou frase
te ponho em meu poema.


Mas se não entende nada,
-se anda tão distraída,
insistir é uma bobagem.


Minha última cartada:
que lua então decida
o destino da viagem!


Escancaro a janela
olho por todo o céu
uma última vez.


O que a lua me fez
muda todo este painel:
não quero mais vê-la!


Autor: Expedito Gonçalves Dias - Profex // Escrito em Varginha-MG, em 08-03-2011, às 12:50 h
(Fonte das Imagens- Google: www.goticopoesia.blogspot.com// astrosurf.com)



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