é um fio de navalha, uma ponte sobre o abismo.
Minha música é melodia marcante, sem estribilho.
Essa história é rascunho, nada que valha publicar:
flores de Abril enfeitando um verão que não vem.
Sigo adiante num desvão entre o se e o nunca.
Na curva ao longe apita um trem da infância
que vem buscar no futuro aquela resposta muda.
Quero ser gentil, fazer da beleza o meu lema
e pro teorema tento encontrar a solução final.
Refaço a pergunta e me abro então por inteiro.
Quem sabe neste novo mundo de bites e bytes
haja uma esperança ou uma janela se abra.
Sem exagero, estou light, afinal ando muito zen.
sem abracadabra, ou truques de segunda.
Fui bem além do normal, dessa vez estou calmo.
Nessa tentativa fui fundo, aguardei mais, bem além.
Aquele trem já passou e não sei se tem um outro.
Estou a um palmo do esperado eu sei, eu sinto...
Mas é sempre assim, tudo se desfaz em segundos!
Minto com leveza para minha criança interior,
tento explicar mais essa sabotagem do esquema.
Pra esconder o Autor, tento desviar-lhe a atenção.
Digo-lhe: a resposta deve ter ficado num esconderijo
debaixo de uma mangueira, bem lá no passado!..
Dirijo então o olhar para o meu próprio espelho.
Vejo passar em lotes, em ritmo bem sincopado,
o filme da minha vida inteira, sem corte ou emenda.
Milhões de laudas de um romance inacabado.
Encriptado nos sonhos jaz o teor daquela busca.
A lenda, o mito, permanece oculto dirigindo a vida ,
e Ouroboros, a serpente que morde a própria cauda,
mostra a saída: a resposta está na própria indagação!..
.................
Digo Amém! O coração palpita mais leve, finalmente:
Meu grande amor está chegando no próximo trem!
Autor: Expedito Gonçalves Dias
(Escrito em Varginha-MG, em 07-05-2010, 22h)0034-Meus Poemas - Esperando o Trem. Crédito da imagem: Página de Amarilis~Pazini Aires na Editora Ning
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