Não exige e nem faz demonstrações:
surge e permanece nas retinas e na
alma,
envolve os corações, corpos e mentes,
docemente, de forma suave e absoluta!
Não exige calma, pois ele é a própria
paz.
Pra ele tanto faz se jaz a noite ou é dia.
Ele se desnuda em qualquer tempo ou estação,
em pura
sedução...
É tão intenso quanto sempre foi!
Mas pode ser silencioso... ou não.
É tão profundo quanto o oceano,
não dói e tem recheio de
paixão;
e por certo, tão extenso e luminoso
como as planícies, como os desertos....
Pura
arte, enfim, é o amor maduro.
Leve e puro!
É definido, colorido, a mais pura poesia!
Não lhe interessa a métrica, mas a rima;
se arrepia e tem um verdadeiro
sentido.
Vale o significado, a entonação, o momento.
Vale o que está escrito e virou crença,
Vale a presença, o toque sutil da
libido,
o teor do sentimento, a dádiva, o presente.
Literalmente!
Não exige nada, não faz julgamento:
amplia-se com as
ausências significantes!
Amadureceu por que soube viver seu tempo
e as vivências em seu âmago absorveu.
Aprendeu, instante a instante, com
arte,
as formas trabalhosas de construir
felicidade!
Fez do bem e o
prazer seu estandarte
e nunca é tarde!
Este
amor amadurecido ainda se expande
no sabor do fruto oferecido em cada
estação.
Cresceu na verdade da busca verdadeira,
orientado pelos sinais indizíveis do coração.
Na esteira estendida pelos
anjos vindos do céu
é o mel que adocica as palavras da alcova:
É o alimento da nova vida estampada na face
e que enfim renasce!
É Fênix, é
redenção, o justo prêmio da espera
de quem quis, com calma, a primavera aguardar.
Construiu uma auto-ilusão e nela pôs sua alma.
É o sonho do
alquimista transmutando em ouro,
o simples desejo do mortal em amor sublime!
O desdouro em
satisfação plena, a auto conquista
que redime, sai de si e busca o outro de repente.
Inapelavelmente...
Do nada, o Tudo irrompe sem nenhum aviso!
A aparência não o ilude. O pouco é suficiente.
Tudo basta e satisfaz a antiga incompletude:
nada mais o atinge, diminui ou corrompe.
E basta um
olhar cumpliciado, um leve
afeto,
o contemplar a lua, as estrelas e seus mistérios,
- para que o refrigério se instale no ambiente.
Rapidamente!..
É feito de
mistério,
música e
compreensão.
O amor maduro é um jeito sutil de ser adulto,
de incorporar em si todos os tempos e idades!
É o indulto para ser
criança, virar
adolescente
e colocar de mãos dadas a razão e a loucura...
Coragem pertinente e submissão escolhida;
sabedoria pura plantada em solo adequado.
Bem adubado...
Não disputa, não cobra o amor maduro.
Não precisa saber, por isso não pergunta.
Não tece ou admite argumentos para o
temor.
Junta o que sabe e aceita as leis sem temer.
Une o verso à prosa e enaltece em seu amante
apenas a
Beleza, o
Divino de que ele é portador.
Afasta com isso a incerteza, a dúvida, a dor...
revitaliza o amor!
O
casal maduro a si é bastante: tira do presente
o fogo que alimenta a
chama constante do amor.
O passado redimido é
brisa que mantém a chama;
o futuro, por certo, clamará pela sua presença.
A regeneração de cada erro criou a eternidade
e no ardor dessa
fogueira suave ainda amadurece.
Cria-se outra idade, a capacidade de prevalecer
além da vida e da morte, sem pecado e sem juízo,
em um terno e esperado
paraíso...
Superou todas as profecias, ameaças ou avisos.
Passou por
guerras, terremotos e inundações.
Manteve-se forte em todas as situações de risco.
Foi superior às
crises existenciais, buscou um norte,
debelou as
epidemias de controle e de ciúme.
Mudou o disco, cutucou a sorte e ainda virou a mesa.
Dos mananciais que jorram do coração, matou a sede.
E deitou-se
soberano na rede!
Por encontrar no outro a beleza que o completa,
o amor maduro se consolida como a redenção
e desnuda de vez a parte salva de cada pessoa!
É porta aberta para o
infinito e a concretude.
Busca amiúde completar, acertar os detalhes:
uma pincelada aqui, outra ali, um ajuste, um enfoque,
um toque, um olhar, um
sorriso, um compreender;
um ceder, sem retroceder...
O amor maduro cuidou do seu
jardim
e vieram as
borboletas!
Já não pede um
refúgio,
Tem! - ... um teto!
Atingiu um
objetivo,
já não precisa de metas...
O amor maduro é assim:
Vivo, infinito e completo!
a partir de 21/10/10
-Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex) Inspirado num texto homônimo de Artur da Távola e reescrito em Varginha em16-05-2008, 22h
(Crédito das imagens:testesdeportugues.blogspot.com - e - http://bbel.uol.com.br/qualidade-de-vida/post/sexualidade-no-casamento.aspx)
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