Estaciono o carro à beira da estrada.
A noite palpita em brilhos intensos e ofuscam minhas retinas.
Esqueço a vizinha Lua aqui tão perto e viajo pelo céu procurando por algo diferente.
Na noite de outono, infinitos pontos, pequenas luzes, chamam minha atenção.
Pego no porta-malas uma luneta e ajusto as lentes.
E, então, transporto-me de forma mágica para bem além dessa minha tosca realidade.
Troco as luzes aqui de perto da cidade pelo espetáculo luminoso que agora me fascina!
Perscruto os céus: tudo parece tão imenso:
Gigante e azul, a estrela Rígel perde-se no infinito na Constelação de Orion a 540 anos luz da Terra...
Se neste momento posso vê-la, sei que é apenas uma miragem, como se estivesse num deserto.
A imagem que me chega corresponde à estrela Rígel dos tempos em que Joana D'Arc comandava as tropas do Rei de França.
Minha alma entra nesta dança, o universo parece uma grande discoteca. Vejo luzes e imagino sons!
Continuo por um bom tempo viajando pelos céus.
Passo a experimentar a relatividade que Einstein nos presenteou em teoria.
Mais além, a galáxia 3C 295 na constelação do Boeiro, a 5 milhões de anos luz do nosso sistema solar, mostra sua imagem que chega até minhas retinas de um tempo em que a Terra ainda nem existia.
De repente a magia se desfaz, a adrenalina se esvai e um sentimento de reverência me invade.
Posso imaginar que eu vejo nada em lugar nenhum, se nesse meio tempo a Galáxia 3C 295 explodiu!...
Volto ao carro, sinto-me tão pequeno, desconsertado, descompensado...
Sorrateiro, entro, ligo o motor e sigo adiante, mas sem pressa. Saio do acostamento e entro na estrada.
Um sentimento de impotência se mistura às lembranças.
Um filme passa pela minha tela mental.
Vejo-me em várias idades desde os meus tempos de criança.
Neste incerto momento pergunto-me sobre minhas promessas diante da vida...
Queria alguém agora bem aqui perto, que sentisse comigo a dor dessa ferida...
Aflora um saudoso sentimento. O coração extravasa e uma lágrima indomável desliza pelo rosto.
Vejo um deserto aqui dentro...
Pouso de novo, corpo e alma, na estrada na minha pacata cidade.
Encosto-me no banco, estico-me e respiro profundamente.
Percebo que nesta noite de outono fui da epifania à reflexão; da percepção última do universo ao mais puro abandono...
Mas fico contente, sim.
Uma calma, um sentimento de plenitude me preenche, afinal.
O carro obedece ao comando da mente e segue adiante.
Alguém espera por mim.
Um dos meus filhos ainda acordado, está junto ao portão.
Naquele instante uma ternura me invade a alma.
Naquele instante uma ternura me invade a alma.
Abraço-o de uma forma muito especial.
Levanto os olhos pro céu com certa cumplicidade.
Escrito em 12 deAbril de 1992, às 23:30 h, em Campo Belo-MG
(Fonte da imagem: http://cinema.uol.com.br/mostra/2010/filmes/cargo.jhtm)
EM TEMPO
No nosso espaço de Curiosidade vou dar uma dica útil para todos os blogueiros que navegam diariamente por várias páginas de outros blogs e quer ver suas várias postagens, para conferir algo ou para comentar mais postagens num mesmo blog.
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Mas depois, please, comente se gostou. Se não gostou, comente também!...
Bom fim de semana!
21 comentários:
uma viagem muito interessante, Profex!
sempre regressamos renovados e muito aliviados de viagens assim :))
gostei muito.
abraço.
é importante viver momentos como este retratado no texto. Belo, forte e especial.
Parabéns
Um abraço
Beth
“A noite palpita em brilhos intensos e ofuscam minhas retinas.
Esqueço a vizinha Lua aqui tão perto e viajo pelo céu procurando por algo diferente.”
Lindoooooooooo, muito lindo, fiquei encantada!
Eu Tb não me canso de olhar para os céus, contemplar as estrelas e conversar com a lua!
Esse seu texto me lembrou o pensamento de Abraham Lincoln:
"Acho impossível que um indivíduo contemplando o céu possa dizer que não existe um Criador."
Parabéns e fique com DEUS!!!
Uma viagem carregada de pensamentos acerca da VIDA, do UNIVERSO, da força dos ASTROS e ESTRELAS, SATÉLITES e GALAXIAS...
Tentando encontrar uma consonância dentro de ti, amor.
Lindo isso...
E depois de tudo sentir-se renovado e em PAZ!
Sempre precisamos de passeios assim, pelo céu.
Beijinhos
Muito legal o teu poema viajante, meu amigo. Um grande abraço. Tenhas um lindo fim de semana
Olá, amigo professor. Como é bom passar por aqui. Viajei nesse belo poema! Muitas vezes olho para o céu e sinto essa vontade de me transportar, viajar além. Tenha um bom domingo! Obrigada pelo carinho da sua visita, e bjos no seu coração!
Olá amigo !!
Lindo texto, pude viajar contigo nas belas imagens que viu no céu e também nesta sensação de pequenez que nos invade às vezes, diante da gradeza do Universo e da beleza da Natureza, mas no fim, se nos deixamos levar, acabamos reconfortados por esta energia tão poderosa, e que bom que levou isso consigo, e chegou em casa sereno e renovado !
Um abração e bom fim de semana !
GOSTEI MUITO DE CONHECER SEU BLOG; VOLTAREI MAIS VEZES, AGORA QUE JÁ SOU SEGUIDORA!
Essa viagem descrita por você é de tirar o fôlego. ja fiz uma dessas . mas acho que não com tamanha intensidade.
Um abração , meu queridp!
Olá Profex!
Vim agradecer sua visita. Gostei muito de seu blog, lindo demais seus poemas, Sobre o tempo um modo bem diferente de colocar o universo interior, com o universo exterior, ótimo. Bjs.
Olá, professor! Outro belo poema do amigo! Sabe, profex, que, lendo-o, lembrou-me uma bela sextilha de um poeta repentista falando sobre o tempo:
"Há entre o homem e o tempo
Contradições colossais
O tempo faz mas não diz
O homem diz e não faz
O homem traz mas não leva
O tempo leva e não traz"
Um forte abraço.
Boa noite Professor Expedito!
A descrição foi tão envolvente que viajei também no texto. Maravilhoso...Obrigada!
Adorei a dica e vou testar. Obrigada!
Beijos com carinho e ótima noite .
Boa viagem...kk. Adorei o homem e o tempo.
Abraços
Lindo texto.
Viajar pelos ceus é o que há de melhor.
Obrigada pela visita.Volte sempre.
Vou seguir sua dica e depois volto para comenta-la.
Abraço
(obs: estou sempre em Varginha)
Lindo texto.
Viajar pelos ceus é o que há de melhor.
Obrigada pela visita.Volte sempre.
Vou seguir sua dica e depois volto para comenta-la.
Abraço
(obs: estou sempre em Varginha)
Fico muito feliz em vê-lo seguindo o meu canto !
Retorne sempre, viu ?!
Ótima semana, bjs..
O texto é lindo!
A dica do /?m=1 eu adorei, facilita bastante.
Obrigada pela visita ao meu apê. Apareça!!
Beijocas
Fui ver se as imagens não abriam e , estranhamente estava tudo normal! Não entendi...
Adorei a dica, fui ranquear o meu e deu N/A . Adorei seu blog,estou seguindo.
http://femininaevaidosa.blogspot.com/?m=1
As estrelas, como elas nos fazem voltar ao passado, desperta em nós o saudosismo:
"[...]Aflora um saudoso sentimento."
Lembrei-me de Olavo Bilac:
XIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(*) Soneto XIII da obra Via-Láctea
Um grande abraço!
Olá Profex,
bom dia! Vim conhecer teu blog e voltarei muitas outras vezes para ler o que escreves, pq prendeste-me a atenção...
Sobre o Tempo I, à medida que lia, sem perceber prendia a espiração e de repente me vi lá, olhando aquele imenso universo tão parecido com o meu de cada dia.
Adorei!
Grande abraço.
Belíssimo texto.
Abraço, professor.
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