Mandala

De repente minha voz se cala 
e eu me entrego ao silêncio.
Se instala no céu um desenho 
que me causa desassossego:
é imenso, bem definido,
com todo engenho e beleza.
Tem linhas de curvas sutis
e embutido dentro delas
com certeza, um segredo.
As estrelas iluminam o céu,
rubis e brilho de diamantes
formam este lindo cenário,
carmim sobre chumbo azulado. 
Nele a bela estampa se mostra,
composta de traço e mistério.

Faço um mergulho em mim
no empenho de decifrá-la,
os dois hemistérios utilizo,
uso de régua e compasso
vasculho meus sentimentos,
agilizo esta auto-anamnese
vou fundo e busco, sem trégua,
mágoas, dores, todo entulho...
E fica em mim a pergunta,
serão dos revezes a culpa,
o que me faz  tão frágil assim?
Cala de vez todo meu ser,
agradeço pelo apanágio
e por entender cada linha.
Dos meu olhos vertem água,
a calma em mim se reinstala,
enxágua e redime minh'alma.
O véu  foi por fim retirado
na contemplação da mandala,
do confronto comigo mesmo
com o mapa encravado no céu.
No caos da instabilidade
andando a esmo e ao léu,
a minha metade eu encontro!

Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex)
Escrito em 17-10-2012, às 10:20 h em Varginha
(Fonte da Imagem: Google)