Sua indiferença é um insulto,
algo insano, puro desacato.
Seu fingimento é perfeito!
Enxuto, transcende o humano
esse seu perfeito teatro.
Vejo que este meu espanto
tem um certo fundamento:
acho que fiz tudo direito,
enquanto estava por perto
fui só seu... a todo momento.
Mas você sempre quis mais!...
Trapaceando, roubou a cena,
levando assim tudo no peito.
Tinha paz de vez em quando,
mas só se lhe valesse a pena...
Hoje a distância me ensina.
Como fui louco e insensato.
Durmo hoje tão logo me deito,
descanso, embora seja tão pouco
o que restou desses meus cacos.
O tempo é um grande remédio.
E a solidão na dose certa,
deixa a mente mais aberta.
Cura de vez, fora do leito,
o tédio que ferra o coração.
Depois, vem a volta por cima,
sem vingança, dor ou pena.
A sina reserva a esperança,
se a alma não for pequena.
Parto para outra contente,
com o coração mais que refeito
com o coração mais que refeito
pois agora já estou vacinado:
Sei que além do cio, preciso
de um amor que dure de fato!
de um amor que dure de fato!
Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex)
Escrito em Lambari, 29/02/96, às 22:00 h
(imagem: Google)