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Formei-me em Jornalismo em 1978, no ABC. Mudei-me para Minas em 85. Em 93 eu fazia o Curso de Pedagogia à distância na Fafi-Sion de Campanha, hoje UEMG. e essa 'distância' era pequena, cerca de 40 quilômetros de onde morava(Lambari). A viagem era de Van na sexta-feira e a maioria dos estudantes passava o fim de semana por lá, voltando pra suas casas no domingo depois do almoço, às vezes depois de passarmos pelo Leitão à Pururuca da Dona Conceição, tradicional e não menos famoso restaurante de lá.
A faculdade tinha aquele ar de século passado, portas e janelas enormes, uma capela com seu imponente sino e uma imagem de Nossa Senhora do Sion no jardim da entrada principal, como que abençoando o local.
Nesta época escrevi o poema abaixo:
e estás, ali, altiva sempre a esperar.
estendes o braço a nos abençoar:
teu gesto, às vezes, deixamos de perceber.
És ainda a flor mais bonita do jardim:
Se tuas cores enfeitam a Existência,
teu perfume exala a mais pura essência
e tuas pétalas reluzem qual cetim.
Bebemos então da tua Sabedoria
aos goles, um por semana, santa bebida,
que fortalece a Alma trazendo Alegria;
Que a sede aplaca e a Inteligência assanha.
Quiséramos nós que fosse por toda a vida
a nossa vinda semanal até Campanha!
Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex)
Escrito em 27/Jan/92, em Campanha-MG
O texto abaixo surgiu a partir de um comentário que fiz num blog. seria possível um personagem mudar a sua participação dentro de uma obra literária, seja ela qual for? Pois aqui isso acontece...
Maria da Quadrilha
A Rosa toda prosa se encheu de manias.
Aí, o Raimundo virando a mesa fugiu sem qualquer apelação,
como antes, fugira da Teresa..
Pra variar ela ficou modernosa e nem ligou.
Raimundo vazou pelo mundo e sua fuga notória deu no que deu.
Depois morreu...
Entrou então na história uma prima da Teresa,
a Maria, uma linda portuguesa, que tinha sim a ver com aqueles versos
do grande poeta Drummond.
Na verdade tinha sido colocada ali só para dar sentido à trama.
Ela, na época, de nada sabia.
Fora coadjuvante daqueles versos, à sua revelia.
O seu universo era outro e,
resolveu mostrar então noutro tom, qual seria a sua versão. Tinha ela uma vaga memória da quadrilha que lera um dia,
decidiu que não ficaria pra titia, ah isso não!
Não se dando por vencida, pra seu próprio espanto,
formatou a estória, continuou a trama com grande maestria!
Não era nenhuma estrela, mas sonhava noite e dia na cama com seu homem.
Não se chamava Teresa, nem Lili, e nem outro nome queria.
Era a Maria aquela, que outrora amava o Joaquim que se escafedera...
Maria, lá no fundo, tinha ainda um coração que batia. E não deixaria passar essa chance. O Raimundo seria pois a solução - aliás, sempre fora!
Resolveu, então, ser sua por completo.
Alertou-o do desastre e salvou-lhe a vida!
Raimundo vive hoje de pijama, feliz, bem abraçado à sua bela Maria.
O papo é reto! Encurtando a história, e o lance da quadrilha lá de cima:
Maria fez-se rima e esposa de Raimundo e lhe deu uma filha,
que recebeu o nome de Vitória!
E assim, abre-se uma janela e a trama continua...
Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex)
Escrito em 12/Set/2010, em Campanha-MG