"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade." Diante da polêmica gerada sobre essa delcaração sobre a Bíblia. Saramago manteve o que disse e reforçou que o «Deus da Bíblia não é de fiar». «Eu não tenho culpa, eu não matei Abel», sublinhou. As declarações abalaram a Igreja, mas não só. O Eurodeputado do PSD, Mário David, confessou-se «envergonhado e exortou o escritor a deixar de ser português. «Tenho vergonha de o ter como compatriota!», confessou o eurodeputado. Consciente dos ódios que despertava, Saramago dizia: «Há muitas pessoas que me odeiam». Mas recusou-se comentar as declarações do Eurodeputado. «Sem comentários. Nada me pode obrigar a comentar uma estupidez. Seria tão estúpido como essa estupidez», justificou-se o prémio Nobel. |
Não é bom morrer no ano da Copa. A literatura mundial perdeu um dos seus ícones recentemente e a imprensa mundial praticamente ignorou. Certamente não lhe deu o espaço devido. Também a Copa Mundial de Futebol deixa muito pouco espaço para outros assuntos.
José de Souza Saramago foi um dos ganhadores do sempre polêmico Nobel de Literatura em 1998. Ganhou também o mais importante prêmio português de literatura o Prêmio Camões. Nasceu na província do Ribatejo em 1922 e nos deixou no último dia 18, aos 87 anos, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde vivia com sua esposa, a espanhola Pilar del Rio..
Jornalista, foi também escritor, argumentista, dramaturgo, romancista e poeta.
Em 2008 seu livro Ensaio Sobre a Cegueira chegou as telas de todo mundo numa adaptação dirigida por Fernando Meirelles, o mesmo realizador de grandes sucessos como O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus.
Filme denso, preocupante e que recomendo a quem ainda não viu.
Este ano está saindo mais um filme baseado no conto do libro Objeto Quase de Saramago. Trata-se de Embargo, dirigido pelo diretor português Antonio Ferreira, co-produzido com o Brasil e a Espanha.
E ficamos muito contentes por ter brasileiros sensibilizados com a obra de Saramago, último reduto de consciência e reflexão diante de um mundo tecnológico, caótico e absurdo. Criou uma marca registrada na forma e no conteúdo em tudo o que escreveu.Na forma, escrevia textos longos e para dar o devido sentido e ritmo ao seu jeito de ver e mostrar o mundo nem sempre seguia as regras vigentes de pontuação ou estilo.
E considerava um modismo o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa. Ele havia criado o estilo Saramago e declarou: "... continuarei a escrever como escrevo".
No conteúdo era perturbador, levando os leitores a ter calafrios por colocá-los friamente diante dos grandes paradoxos dos nossos tempos.
Foi defensor ferrenho da literatura, criando com alguns ícones portugueses a FNDC-Frente Nacional para a Defesa da Cultura. Tinha um ateísmo e iberismo declarados, além de uma língua afiada.
Uma das frases que causou ojeriza junto ao clero foi: "A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade."
Sacudiu a imprensa várias vezes com suas frases contundentes. Diante da polêmica gerada pelo filme Ensaio Sobre a Cegueira, que foi mal recebido pela Federação dos Cegos dos Estados Unidos, ele declarou:
"A estupidez não escolhe entre cegos e não-cegos..."
Fica aqui a nossa lembrança, mesmo a poucos minutos do segundo jogo do Brasil na Copa 2010! Afinal a gente não quer só comida e futebol. Quer também diversão e ARTE!
-Profex
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