No céu uma lua fugidia...
mal se disfarça escondida
nas nuvens escuras da noite.
Irrefletida, faz trapaça
e nega a sua luz necessária.
A solidão se descortina.
É puro açoite, um castigo
que nenhum artifício alivia.
Na luz precária do ambiente
você foi embora com a lua,
num pacto mais que indecente.
Sua imagem nua tão discreta
já escapou-me das retinas.
Abriu-se então o precipício
e esse seu corpo tão ausente
é agora pura miragem
que acende este ardente desejo.
Muito cuidado ...Perigo!
Irrompe lá dentro de mim
um grito antes sufocado!
Soa forte como um alarme,
reclama o beijo perdido,
e tudo mais que lhe pertence.
Vence o apelo da carne.
Você chega e se entrega.
De um estopim surge a chama.
Estala, crepita, explode,
Inunda-nos de paixão cega.
A libido voraz se instala,
sacode tudo, do chão ao teto,
num estonteante desatino
e nos consome por um instante,
bem ali, na sala de estar.
Alivia-se o cio por completo
no rito do acasalar,
na umidade do contato,
no choque da eletricidade,
no curto-circuito divino.
O brilho da lua lá fora
cumplicia o nosso ato.
Por fim descerra-se o véu!..
Você percebe que é minha dona,
simplesmente, eu a sinto companheira.
Sela-se o destino de antes:
No céu ela sorri displicente,
com cara de inocente,
brincalhona -lua faceira-,
Lua Inteira dos amantes!