Declaração lírica, mas sem rima nenhuma,
sem carimbo ou firma reconhecida,
e fora de hora... tem valor?
Eu gosto do impossível, tenho medo do provável,
dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade,
mas nem sempre tenho motivo.
Aparento um sorriso confiante que as vezes não demonstra
o tanto de insegurança por trás dele.
Sou inconstante e talvez imprevisível.
Não gosto de rotina.
Eu amo de verdade aqueles pra quem eu consigo dizer isso,
e me irrito de forma inexplicável quando não botam fé nas minhas palavras.
Nem sempre coloco em prática aquilo que eu julgo certo.
Sou o que sou: sincero, exagerado às vezes.
Operário do pensamento, duvido até da chuva, mesmo vendo os raios.
O significado do tempo não me cativa.
E não me perturbo se for condenado à fogueira.
Sou ou Não Sou, é uma questão sem significado,
porque sei que sou a antítese de tudo e me basta.
Se me batizei, aconteceu, mas vivo no átrio dos pagãos,
na coexistência dos opostos e não torço para nenhum dos lados.
Negocio contrastes para sobreviver
e pouco acredito nos ensinamentos das palavras,
apenas nos atos concretos ou falhos.
Acredito mais no poder do não-agir
pois ele cria mundos.
As ações neste mundo são limitadas,
o caminho do sonhar é mais amplo.
Mas não me esforço: sonhos vêm, sonhos vão.
Nunca segui um roteiro de poder,
se pratico atos externos, está valendo minha atitude interna.
E ela só eu consigo medir e mudar.
Não me preocupo em enfrentar um inimigo,
é um problema dele.
O que me importa na verdade é quem está diante de mim.
Diante do meu desejo, que acelera meu sangue.
Quanto mais te possuo, mais te procuro.
Quanto mais te gozo mais te sofro.
Quanto mais te delicio mais fome tenho de ti.
Ainda te amo!
E tenho de verbalizar isso pois aprendi
o eco poderoso das palavras gentis.
Expedito Gonçalves Dias (Profex)