A minha mais nova poesia, há pouco tão forte,
já envelheceu - assisti, com descaso,
a entonação da última rima.
Anoiteceu. Já não arde o corte.
Foi-se embora o sufoco...
Perco-me na neblina.
Um fantasma despido segue,
sem destino, no meio do nada.
Meu plasma se exauriu.
Sei que havia um tempo,um dia...
mas, há séculos não ouço o tic-tac de um relógio.
Confesso que eu queria mais um destaque,
um episódio apenas: num capítulo de um livro qualquer.
Numa cena de filme classe b,
ou ser citado numa trilha de novela do SBT.
Apenas uma chance de acreditar no destino.
Quem sabe ter sonhos (acho que já os tive um dia...).
Não sei de mais nada. A memória se esgotou.
Estou sem pilha.
Desandei.
Desatinos, pesadelos, imagens desfocadas,
nada de horizontes nesta ilha.
Sôfregos desejos, fragmentos sem sequência
de uma fita irreconhecível, sem registro, sem data...
Tudo desandou.
Paciência...
Mas eu queria sim.
Quem sabe algo bem mais simples.
Um momento fugaz. Uma emoção banal,
chinfrim, dessas de folhetim, de novela.
Paixão?...-nem pensar!
Nada de frenesi, de estupor,
nem mesmo aquela suave tontura
ou suave rubor e arrepio.
Volto à realidade: Tudo aqui é tão frio.
Sem perspectiva, sem idade, sem futuro.
Mesmo assim eu queria...
Sigo pela rua: nehuma alma viva.
Todos se foram sem piedade.
Sem aviso, fiquei no escuro,
a sós...com meus desejos.
Resolvo caminhar pela cidade vazia.
O sol brilha lá em cima. Mas sou apenas um vulto.
Sinto que tudo parece combinar comigo.
Recuso-me a aceitar isso.
Definitivamente não me adapto à esta realidade.
E sinto medo.
Medo de ser tarde para contar meu segredo.
peito aberto, verdade nua.
Mas vou contar...
Eu quero sim, com o que me resta,
neste memorável momento
decretar a eternidade
e
dar um beijo na lua!
Autor: Expedito Gonçalves Dias
(escrito em 29-07-2007-Varginha-23:15 h, em casa)0002-Meus Poemas - Quereres
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