o ouro trazido do sol,
a prata presente da lua.
As pedras que das estrelas
choveram neste sertão,
qual gotas de chuva fina
na noite, um intenso clarão!
A ele também pertence
esta paisagem tão bela
tendo no fundo o arrebol,
os passarinhos e a brisa.
Beleza que nos convence,
quando embriaga as retinas
e a fala paralisa.
Existe em cada caipira
bem lá no fundo da alma
uma nobreza que espanta
-e é aí que surge o contraste!:
por ser humilde e ter calma,
muita gente se admira
e com seu jeito se encanta...
Por mais que ele se afaste
de perto da natureza,
qualquer um que se aproxime
vê seus olhos cheios d'água,
lê no seu rosto a tristeza.
Ele logo se redime
e confessa a sua mágoa.
Mas é assim que acontece,
esta é a sina do mineiro:
tão logo o menino cresce,
cai no mundo quase à força.
De tão rico, empobrece.
Leva um destino na bolsa:
São Paulo ou Rio de Janeiro.
Eta mundo, eta vida,
trabalhar está difícil.
Complicado é dividir
com tanta gente esquisita
este seu jeito de ser.
Decide então desde o início
reencontrar a sua paz.
Desertar, correr, fugir!..
...voltar pra Minas Gerais!
Autor: Expedito Gonçalves Dias
(Escrito em Lambari-MG, em 05-04-1992, 21h)0036-Meus Poemas - Sina de mineiro
(credito da imagem: http://www.amar-ela.com/caipira)
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