Estão dizendo que o computador morrerá com a chegada dos tablets, que o reinado do PC está chegando ao fim...
Pequeno, fino, leve permitindo uma nova forma de comunicação (alguns dão para telefonar), ele pode acessar milhares de conteúdos em qualquer lugar apenas com um toque. O tablet se configura um sonho de consumo que chega já neste natal em todo o mundo. Ele estaria acima dos computadores atuais e abaixo, claro, dos supercomputadores que já operam em petaflops, mas já despertam a curiosidade dos consumidores de tecnologia.
Assim a luta acirrada entre as grandes marcas, como Apple, Samsung, Dell e HP, já começou. Todas estão prestes a trazer para o Brasil seus tablets, que vão mudar a forma de vender, de trabalhar, de comunicar e de se divertir.
Isso, de certa forma vai acontecer mesmo! Mas não será o fim do PC, assim como a TV não acabou com o rádio, nem o e-mail com a velha carta enviada pelos Correios. Ou será?
Alinhados, como se estivessem em um batalhão, funcionários da Galderma, uma joint venture entre Nestlé e L’Oréal, indústria farmacêutica exclusivamente dermatológica, já estão empunhando os seus iPads, começando a realizar o funeral do computador pessoal. Para eles, o PC, da forma que conhecemos, morreu e essa pequena geringonça tecnológica que parece uma tábua (daí o nome tablets), mede 24 centímetros de altura por 18 centímetros de largura, pesa 680 gramas e tem espessura de apenas 1,3 centímetro - representa o máximo em tecnologia de serviço para a demanda atual. Dessa forma, com mais de 30 anos de vida e de bons serviços prestados, o computador pessoal estaria com os dias contados para os tablets.
E essa febre, que tomou o mercado mundial, chega oficialmente ao Brasil a partir de novembro, com o lançamento do Galaxy Tab, da Samsung. As demais empresas, Apple, Dell, ZTE, Huawei, Cisco, Awaya e HP prometem seus produtos para os próximos meses.
Apesar disso, os PCs não vão deixar de existir. Suas vendas globais, inclusive, crescerão vagarosamente nos próximos anos, chegando a mais de 500 milhões de unidades em 2014. Mas eles perderão o status de ser os protagonistas da computação. “A maioria das pessoas vai usar computadores portáteis e com telas sensíveis ao toque, como smartphones e iPads”, diz à DINHEIRO Nicholas Carr, jornalista americano e autor do livro "A grande mudança", que defende a tese de que a tecnologia se transformará em um serviço público, assim como a energia elétrica.
“Mas os PCs, tanto os laptops como os desktops, continuarão a ser úteis para certas tarefas que exigem grandes telas e teclados tradicionais.”-completa.
Esse é o ponto crucial. O CD não desapareceu, mas passou a ser um produto de nicho com o surgimento da música digital e do pendrive. O mesmo vai acontecer com o computador pessoal.
“Grande parte das pessoas quer surfar na internet, checar e-mails ou interagir nas redes sociais. Para isso, elas não precisam de um PC”, afirma Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital da University of Southern California.
Mobilidade e conexão total com a internet de qualquer lugar a qualquer hora é o que prometem. Mas isso é possível?
Digamos que a promessa é muita, logo o santo desconfia. Nossa banda larga ainda não é tão eficiente ainda; quanto à mobilidade, convenhamos, o tablet ainda é um pouco grande. Mas vai ter este padrão por enquanto: tela bem maior do que um smartphone e uma interface revolucionária que permite fazer tudo com o toque dos dedos, sem a necessidade de um mouse e um teclado – itens que vão ser levados junto ao pc no seu funeral ainda num futuro indefinível.
“Depois dele, abandonei o meu notebook”, afirma Jorge Moskovitz, diretor para a América do Sul da empresa de tecnologia Serena Software, que passa pelo menos duas semanas por mês visitando países pela região. O diretor de novos negócios da rede de tevê esportiva ESPN, José Papa Neto, não esqueceu ainda do desktop, mas agora só passa 10% de seu tempo com ele. “Sou um fervoroso usuário de Blackberry e do iPad”, diz ele. “Nas viagens curtas, só levo o iPad.”
Atente-se que o comportamento destes dois executivos demonstra uma tendência que acontece com quem usa um tablet. O computador vai ficando de lado, esquecido. E o motivo é simples: eles substituem a maioria das tarefas que um usuário comum faz no dia a dia.
Mas a surpresa corre por conta de que eles estão encontrando também um espaço dentro das empresas mais rápido do que se imaginava. Exemplo disso é o da Galderma, cuja operação brasileira fatura R$ 250 milhões. Visitar médicos faz parte do DNA da indústria farmacêutica. Até hoje, isso é feito com material de papel. “Tentamos usar notebooks, mas eles são pesados, demoram a ligar e sempre travam”, alega Márcio Rodrigues, diretor de marketing da companhia. Desde o lançamento do iPad, a empresa importou seis máquinas, desenvolveu um aplicativo próprio e foi a campo testar o aparelho. A empresa tem sido uma defensora ferrenha dessa nova ferramenta.
Ela deu tão certo que a empresa resolveu equipar os seus 120 representantes, em um investimento de R$ 350 mil. A ideia agora será exportada para as subsidiárias da Alemanha e da Austrália.
Os tablets têm recursos para acessar a internet, ver vídeos, ouvir música, receber e enviar e-mails, organizar fotos, jogar games, ler livros eletrônicos e revistas, o que gera por si só um impacto. Alia-se a isso o prazer da leitura que, convenhamos, é muito superior ao de um PC.
Acredito mesmo que sua versatilidade influenciará vários setores econômicos, do editorial até o educacional. Relatório da Bernstein Research informou que o iPad se tornou o aparelho eletrônico com a mais rápida adoção entre os consumidores, com 3 milhões de unidades vendidas nos três primeiros meses de comercialização. Uma revolução em vendas!
O ritmo de vendas do tablet é três vezes maior do que o iPhone e supera em dez vezes o eletrônico fora da categoria de telefones que liderava o ranking até então: os tocadores de DVD, que venderam 350 mil unidades no primeiro ano. Nessa velocidade, prevê a Bernstein Research, o iPad levará os tablets a ultrapassarem, no ano que vem, celulares e consoles de videogame e se tornarem a quarta maior categoria de letrônicos nos EUA, atrás de televisores, smartphones e notebooks.
Dois importantes institutos de pesquisa publicaram também dados que mostram que as vendas de computadores pessoais cresceram menos do que o esperado no terceiro trimestre de 2010. As aquisições de PCs aumentaram em 7,6%., segundo o relatório Gartner. A previsão era de expansão de 12,7%. O IDC, que tem uma metodologia diferente, mostrou um crescimento de 11%, 3% a menos do que previra.
O culpado? Os consumidores estão considerando comprar tablets, disseram ambas as empresas. Nesse período, a Apple vendeu 4,1 milhões de iPads. Se eles tivessem sido incluídos nesses dados, as duas companhias teriam acertado suas projeções. Em outro relatório, o Gartner estima que serão comercializados 19,4 milhões de tablets em 2010.
Em 2014, o número chegará a 208 milhões de unidades, de empresas como Apple, Samsung, Dell, HP, Cisco, Avaya, Researh in Motion, ZTE, Huawei, Toshiba, entre tantas companhias que semanalmente anunciam que vão ter um produto para competir nesse segmento. “É inegável que os tablets apresentam um novo cenário mundial”, diz Luciano Crippa, analista da consultoria IDC.
Estratégias para o mercado Brasileiro:
O Brasil entra oficialmente na era dos tablets – apesar de milhares de iPads já fazerem parte do cotidiano de muitos executivos e de empresas via importação direta – a partir de novembro. A coreana Samsung deve ser a primeira, ao lançar o Galaxy Tablet, que roda o sistema operacional Android, do Google. “Ele será fabricado no Brasil e terá recurso de tevê digital”, afirma Hamilton Yoshida, diretor de marketing da companhia. O iPad deve chegar logo em seguida.
Ao longo do próximo ano, vários outros aparelhos também serão vendidos para o consumidor brasileiro, como o da chinesa ZTE. “Nosso grande diferencial será o preço”, diz Eliandro Ávila, presidente da subsidiária local da companhia. A também chinesa Huawei seguirá estratégia semelhante.
“Esse é um mercado que nasce com muitos concorrentes, por isso nosso objetivo é ser o mais barato”, afirma Marcelo Najnudel, gerente da empresa. A Dell aposta na versatilidade de seu produto. “O Streak é um tablet que substitui o smartphone”, declara Sandra Chen, gerente de marketing da companhia.
A Positivo, maior fabricante de computadores do Brasil, também deve entrar nesse segmento em 2011. “É óbvio que vamos ter um tablet, não podemos ficar fora desse mercado”, afirmou Hélio Rotenberg, presidente da companhia, em entrevista à DINHEIRO, publicada em julho.
Quando foi lançado, em abril, o iPad parecia um iPhone gigante. Muita gente ironizou esse fato. Outros criticaram Steve Jobs. O presidente do banco de investimento Credit Suisse, José Olympio Pereira, envolvido em várias aberturas de capital no Brasil, era um dos céticos. Em uma viagem aos EUA, comprou o equipamento. Logo em seguida, teve de adquirir mais dois, pois seus filhos não o deixavam usar o seu.
Hoje, o computador de sua casa está acumulando teias de aranha. Detalhe, ele é irmão de Marcos Pereira, um dos donos da editora Sextante. Ambos são netos de José Olympio, famoso editor brasileiro. “Depois do iPad, passei a acreditar de vez no livro digital”, diz Olympio Pereira. Mais um sinal de que as revoluções do iPad estão em quase todos os lugares.
Se desejamos vida longa aos tablets, devemos considerar que em operações mais elaboradas como fotografia e design em geral(uso do Corel Draw, Photoshop), engenharia(uso do AUTOCAD), também em grandes planilhas, o velho e bom PC ainda permanecerá de pé. E irá se aperfeiçoando cada dia mais.
Então, decretar seu enterro definitivo não seria muito cedo?...
(Fonte>>http://www.istoedinheiro.com.br/noticias - www.wikipedia.orgImagens: techzine.com.br)