As abóbodas se alternam neste teto.
De opacas e sem nexo se transformam,
transparências, cores, muito brilho...
de quem... de quem será este projeto?.
Os detalhes que adornam os vitrais,
trocadilhos coloridos com ciência,
me enternecem, abduzem meu interno.
Os objetos deste átrio tão imenso,
flores de abril, cambiantes luares,
invernos mágicos, flocos esvoaçantes,
são puro deleite, regalos para a vista
e levam-me para lugares não-visitados.
Filmes inéditos, mundos imaginários,
cheios de vida, profundidade e perspectiva,
estímulos que energizam minh'alma,
inundam meu precário sistema sensitivo.
E eu me vejo teletransportado daqui,
do sul da minha rota outrora perdida,
dessa pantomima insossa, para algures,
para um norte de possibilidades,
onde mundos afins mas bem distantes
muito além daquela cintilante lua azul,
me colocam junto, no berço da Criação.
Essas visões surgem de graça, do nada
e são verdadeiros regalos para a vista.
Me aprofundo então em devaneios
querendo ficar de bem com a razão.
E, me pergunto, com um certo receio :
quais seriam os limites do artista:
a própria arte, a mente ou o coração?
(Escrito em Lambari-MG em 10-04-1992, às 21:00 h)(Crédito da 1a. imagem:http://www.flickr.com/photos/carmemfotos/3172273730)
(2a. imagem, vitral da Catedral Duomo de Milão - cortesia da Malu)